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ISRAEL - IS

03-12-2023

Juristas denunciam silêncio em meio a evidências de crimes sexuais cometidos por terroristas do Hamas

Polícia investiga supostos estupros coletivos e mutilação de cadáveres durante o ataque dos terroristas no dia 7 de outubro

 

 

Guerra teve origem na invasão de Israel pelos terroristas do Hamas em 7 de outubro

REPRODUÇÃO REDES SOCIAIS/INSTAGRAM - IDF

 

Juristas e ativistas israelenses acusam organizações internacionais de defesa dos direitos das mulheres de permanecer em silêncio diante dos relatos de violações cometidas por terroristas do Hamas no seu ataque do dia 7 de outubro.

Segundo as autoridades israelenses, 1.200 pessoas foram mortas durante o ataque do movimento, na maioria civis. Além do massacre, a polícia investiga supostos crimes sexuais, incluindo estupros coletivos e mutilação de cadáveres.

Até agora, os investigadores recolheram “mais de 1.500 depoimentos chocantes e dolorosos” de testemunhas, patologistas e médicos, afirmou um agente da polícia nesta semana no Parlamento israelense.

Mas até esta semana, quando tanto o secretário-geral das Nações Unidas quanto a ONU Mulheres emitiram declarações sobre as acusações, os ativistas dizem que as respostas foram mínimas, sentindo-se traídos pela comunidade internacional.

A ONU Mulheres disse estar "consciente das preocupações" sobre as reações das organizações de mulheres, afirmando que foi "a primeira parte do sistema da ONU a expressar publicamente alarme sobre relatos de violência com base no gênero, incluindo violência sexual".

Em comunicado divulgado horas depois, ela disse estar "alarmada com os numerosos relatos de atrocidades de gênero e violência sexual" durante os ataques dos terroristas do Hamas e disse que "pediu que todos os relatos de violência de gênero fossem devidamente investigados e processados". “Essa é a declaração que deveriam ter emitido há dois meses”, disse a jurista Ruth Halperin-Kaddari.

Desde 7 de outubro, as declarações da ONU Mulheres centraram-se principalmente na situação na Faixa de Gaza, onde os bombardeamentos retaliatórios de Israel deixaram mais de 15 mil mortos, também na maioria civis, segundo o governo do Hamas.

"Arma de guerra"

Em 27 de outubro, a Cedaw (convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres) instou “todas as partes a abordar sistematicamente a dimensão de gênero do conflito”. Uma comissão da ONU pede agora relatórios sobre “alegações de crimes baseados no gênero, com especial atenção para homicídio e tomada de reféns, violação e outras formas de violência sexual”.

Mas nenhuma dessas organizações “admitiu que crimes de guerra ou crimes contra a humanidade tinham sido cometidos” em 7 de outubro, diz Ruth Halperin-Kaddar, ex-vice-presidente da Cedaw. “E nenhuma mencionou que a violência sexual contra as mulheres foi sistemática, intencional e deliberada, o que equivale a [...] usar a violação como arma de guerra”, acrescentou.

Halperin-Kaddari atribui a relutância internacional a ideias preconcebidas sobre o conflito, incluindo "a dificuldade de abandonar a visão estereotipada de Israel como agressor e dos palestinos como vítimas". “Neste caso, a situação se inverteu”, ressalta. “É difícil para eles verem tanta maldade naqueles que sempre preferiram ver como vítimas.”

Numa audiência parlamentar na última segunda-feira (27), o oficial de polícia Shelly Harush apresentou provas angustiantes de violência sexual e mutilação, incluindo “um apocalipse de cadáveres, mulheres nuas acima e abaixo da cintura” e testemunhos arrepiantes de violação em grupo, mutilação e assassinato de um jovem.

Outra testemunha citada pelo oficial mencionou, segundo ela, ferimentos nos “genitais, abdômen, pernas e nádegas” e disse que algumas vítimas “tiveram os seios cortados” ou sofreram “ferimentos a bala”.

O pessoal de primeiros socorros afirmou ter encontrado corpos "com as mãos algemadas nas costas, o cadáver de uma mulher sangrando na região genital". “A maioria foi assassinada”, disse o chefe das investigações policiais, Shlomit Landes. “Ainda não falamos com os que sobreviveram […] devido à profundidade do seu trauma”, declarou.

"Muito pouco, muito tarde"

Pina Picierno, uma das vice-presidentes do Parlamento Europeu, acusou o Hamas de “crimes de guerra” que vão “além do que qualquer mulher no mundo pode imaginar”. “Todas as organizações internacionais e de mulheres devem condenar o Hamas e defender as vítimas”, afirmou, acusando as primeiras de “fingir não ver […] por motivos políticos”.

O silêncio internacional sobre a questão desperta uma raiva crescente em Israel. Um desenho publicado no jornal Yediot Aharonot mostra uma mulher israelense com roupas rasgadas e ensanguentadas dizendo “Eu também” a três mulheres da ONU, que aparecem tapando os ouvidos.

 

 

 


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